O Instituto H&H Fauser e o Movimento Nascentes do Paraíba realizaram na última terça-feira, dia 21, o Diálogo Pedagógico Ambiental (DPA), videoconferência cuja pauta incluiu o Plano de Educação Ambiental e Mobilização Social (PEAMS) e o debate sobre a possibilidade de inclusão no Plano, de projetos por demanda induzida ao Comitê de Bacias do Rio Paraíba do Sul (CBH-PS). O evento foi coordenado pelo professor Lázaro Tadeu Ferreira da Silva e teve apoio do Instituto Chão Caipira.
A coordenadora de projetos do Instituto H&H Fauser, Amely Fauser, abriu o encontro com uma explanação sobre a criação do Instituto em 2006 e sobre as primeiras propostas de trabalho conjunto apresentadas pelo Movimento Nascentes do Paraíba em 2010, visando consolidar um marco em Paraibuna, no local onde historicamente ocorria, antes da construção da represa, o encontro dos rios Paraitinga e Paraibuna, formadores do rio Paraíba do Sul.
“Para a cidade esse é um símbolo tão importante que está representado no brasão oficial”, disse, sugerindo que esse marco poderia ser um memorial ou mesmo um centro de educação ambiental, mas que alguns entraves precisam ser resolvidos.
PEAMS
Amely falou também sobre o andamento do PEAMS, desde seu início, em agosto de 2019, citando as visitas feitas aos municípios, as reuniões de compartilhamento – chamadas Dedim de Prosa - e o mapeamento das iniciativas existentes na Bacia, através de plataforma digital criada para esse fim, além do levantamento junto às prefeitura, sobre a estrutura e ações de Educação Ambiental.
Segundo ela, a proposta é para o futuro Plano é um Projeto Político Pedagógico (PPP), baseado em três marcos: o conceitual, o situacional e o operacional, referindo-se respectivamente à visão teórica e à inter-relação dos diversos estudos e documentos sobre Educação Ambiental; o levantamento e o diagnóstico da situação e à elaboração propriamente dita do Plano. “O cenário desejado é de uma Educação Ambiental que seja de alto impacto e efetiva no território”, disse.
NASCENTES DO PARAÍBA
O professor Lázaro apresentou a trajetória do Movimento Nascentes do Paraíba, iniciado em 2001, com o projeto “Caminho das Águas Nascentes do Paraíba”, destacando ainda as diversas expedições realizadas às nascentes ao longo do tempo e a mobilização para a construção de leis nos municípios. “Nessa ocasião fizemos uma articulação muito grande, que acabou dando origem à Câmara Técnica de Educação Ambiental e Mobilização Social do CBH-PS”, lembrou.
Conhecido pelo personagem Zé do Paraíba, o professor falou dos vários momentos que marcaram a história e outras conquistas como os comitês de água – posteriormente oficializados por leis locais-, o projeto Sementes do Amanhã, em parceria com a Basf e os primeiros Diálogos Pedagógicos Ambientais, realizados a partir de 2006. Lembrou ainda da “grande mobilização” ocorrida em 2014, em função da transposição do rio Paraíba.
Fez referência também à expedição realizada da nascente à foz do rio Paraíba e a contribuição para criação do Parque Taboão, em Lorena, em 2016, e ao Projeto de Mobilização e Educação Ambiental que, em 2019, criou o Memorial das Nascentes do Rio Paraíba do Sul, na Casa da Cultura de Areias, e a “Nascente Pedagógica” localizada, segundo ele, “numa área com o formato e com todos os elementos de uma bacia hidrográfica”, ideal para o desenvolvimento do Turismo Pedagógico Ambiental.
COMITÊ DE ÁGUAS
Também o coordenador do Comitê de Águas de Lorena, Celso Giampá, discorreu sobre o histórico e do órgão criado em 2005 e reconhecido oficialmente em 2012, com os objetivos de fomentar a gestão participativa dos recursos hídricos, elaborar diagnósticos, incentivar a Educação Ambiental, elaborar e apresentar projetos ambientais e fiscalizar projetos de interesse público. Uma das conquistas do comitê, segundo ele foi a criação do Parque Ecológico do Taboão, em 2008, numa área do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE).
EDUCAÇÃO AMBIENTAL E MOBILIZAÇÃO
A professora Sílvia Pompéia - que atua hoje como consultora na Bacia do Rio Doce, mais especificamente em Mariana - falou sobre o processo de transformação “da bacia como está hoje para a bacia do sonho coletivo”. “Muita coisa já avançou na Bacia do Rio Paraíba do Sul, mas isso não quer dizer que não se pode sonhar com o que ainda tem que acontecer”, afirmou.
Segundo ela, na construção dessa ponte há três pilares: os princípios, que sustentam os objetivos; a metodologia, que define as estratégias, e os recursos para que tudo possa acontecer. “Se não se articular os recursos não vêm e não se estabelece a ponte”. A comunicação e a informação também são fundamentais na tomada de decisão e na transformação social e ambiental.
Ela destacou ainda que “escutar é parte fundamental na comunicação” e que os jovens têm suma importância no processo de transformação, pois juntamente com suas famílias e articulados com educadores, governantes e empresários, farão acontecer a ponte mencionada. “Quem consegue ver esse conjunto, como os comitês de bacia e suas instâncias, podem induzir as demandas, obter os recursos e fazer os avanços”, afirmou.
PARQUE TABOÃO
Na parte final da reunião, depois de afirmar sua concordância sobre a fala da professora e após explanação do secretário de Meio Ambiente de Lorena, Wellinilton Portugal, sobre trabalhos desenvolvidos no Parque Ecológico do Taboão, o professor Lázaro colocou uma proposta de inclusão no PEAMS, de demanda induzida que permita transformar especificamente o Parque num “centro difusor de conhecimento de Educação Ambiental na região central da Bacia do Paraíba do Sul”.
Amely Fauser explicou que esse tipo de proposta é válido, no entanto, para ser incluída no PEAMS deve ser apresentada formalmente à Câmara Técnica de Educação Ambiental e Mobilização Social (CTEAMS-PS), uma vez que tanto o tomador, no caso o Instituto Chão Caipira, como o executor, que é o Instituto H&H Fauser, não possuem a prerrogativa de fazer essa inclusão.
QUEM SÃO
Instituto H&H Fauser – Sediado em Paraibuna (SP), tem como objetivos a promoção do desenvolvimento sustentável; a conservação do meio ambiente; a promoção da cultura e a conservação do patrimônio histórico, artístico e cultural. Atua por meio de ações diretas, como programas de capacitação e o desenvolvimento de estudos e pesquisas nas suas áreas de atuação, e por meio de apoio a ações de comunidades, de outras organizações da sociedade civil e órgãos públicos.
Instituto Chão Caipira - O Instituto Chão Caipira "Malvina Borges de Faria" é uma organização da sociedade civil criada em 1º de abril de 2010, pelo jornalista, culinarista e pesquisador João Evangelista de Faria, conhecido como João Rural. Seu objetivo é trabalhar pela preservação e fomento da cultura caipira, desenvolvendo eventos, publicações, pesquisas, vídeos e ações de apoio a estudantes e à comunidade. O Instituto Chão Caipira também tem sua sede em Paraibuna (SP).